A opção mais fácil é a de desistir?


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A vida é um emaranhado de experiências que são trazidas para nós, de maneira branda ou abrupta, a cada segundo de nossa existência. Elas podem ser consideradas boas ou não tão boas segundo a forma que as encaramos.
Quando essas experiências nos parecem nocivas, ruins, doloridas, nossa primeira reação é não gostar delas, desejar que elas acabem logo ou que nunca tivessem existido. O problema é que elas estão aí, na nossa frente, reais. Não temos como evitá-las, e se temos, na maioria das vezes, as enfrentaremos em algum outro momento, porque elas têm o nosso “DNA”, elas nos pertencem.
Isso é um castigo? Claro que não. Isso é somente uma construção nossa e somente nossa! Quando agimos no presente, construímos um reflexo de nossas experiências no futuro (próximo ou mais distante) para aprendermos algo que ainda não compreendemos em sua essência. Então, pensem comigo: eu, com raiva, desrespeito alguém, usando de seus defeitos físicos para maltratá-lo. Neste momento, demonstro que preciso compreender que não podemos massacrar sentimentos alheios e derrubar autoestimas somente porque fui contrariada. Então, crio em minha vida (que é eterna) um momento de aprendizado, necessário para mim, onde precisarei vivenciá-lo, porque ainda não percebi em meu ser o quão mal posso fazer a alguém com o meu verbo e escárnio.
Como a minha proposta evolutiva é crescimento, tenho metas a cumprir e são elas que me fazem autorizar a vida a reagir a cada ação equivocada minha (nas boas também), construindo concretamente os efeitos das minhas escolhas, bem como as reações advindas destes próprios efeitos.
O ponto fundamental é sabermos se estamos em um patamar evolutivo onde já compreendemos que essas construções e, por consequência vivências, sempre nos darão subsídios para que as utilizemos em outras tantas experiências que nos chegam, servindo, portanto, de instrumentos muito úteis para superarmos cada dificuldade, cada momento em que nos sentirmos incapacitados de enfrentá-las.
Se não estamos neste patamar, quando as vivenciarmos, naturalmente desejaremos não vivê-las e o caminho mais fácil para isso é tentarmos desistir daquilo que achamos que as provoca.
Vamos exemplificar: se eu tenho um sonho e, por circunstâncias várias, não consigo alcançá-lo no tempo em que eu programei, isso me contraria e me traz desconforto. Me convenço, portanto, que ele não é para mim e desisto dele; se eu tenho um casamento que não é como eu sonhei, que a minha esposa não é perfeita e isso me desagrada, me convenço que esse relacionamento não é para mim e desisto dele... ou seja, numa atitude ainda imatura, escolho que tudo aquilo que me desagrada será descartado por mim e desistirei dele porque é o caminho mais fácil a seguir.
Mas, será que é mesmo o mais fácil?
Antes de continuar, faço um adendo aqui para deixar claro que não estamos afirmando que jamais devemos desistir de algo. Em muitos momentos é muito sábio não continuar a seguir por caminhos já percebidos por nós como equivocados. Devemos estar atentos para não “cairmos” por teimosia, tão somente.
Mas, seguindo o raciocínio, certo é que não é tranquilo buscar respostas íntimas para a solução dos problemas; não é fácil descobrir que temos uma participação ativa para que não atinjamos tal sonho; ou que, se mudássemos o nosso comportamento, poderíamos ter salvo o nosso casamento; não é fácil descobrirmos que ainda temos muito a aprender.
Vemos a dificuldade porque, se queremos crescer, teremos de fazer coisas que ainda não dominamos, tal qual a criança que, se não sabe ainda andar, terá que se colocar nas duas pernas para tentar e enfrentar as quedas pelo caminho até que tenha segurança para fazê-lo bem e sozinha.
Toda conquista exige nosso esforço para empreender mudanças significativas em nossa existência e, essas mudanças são sinônimo de trabalho íntimo. O grande segredo, porém, é descobrirmos logo que, quanto mais tempo levarmos para abraçar a tarefa, mais tempo nos colocamos frente às experiências que nos testarão para nos enxergar crescendo. É como terminarmos um relacionamento sem perceber que somos nós que precisamos nos lapidar emocionalmente. Levaremos essa sequela a cada relação, transformando-a sempre em algo não tão bom a ser vivenciado. No dia que percebemos o equívoco e nos modificamos positivamente possivelmente o próximo relacionamento terá enormes chances de dar certo.
A cada mudança enfrentada é uma conquista de bem-estar a ser vivida.
Perseverar não é fácil, mas desistir também não é. Estaremos sempre vivenciando as consequências de cada escolha que fizermos. Que façamos as melhores escolhas que a nossa experiência nos possibilita.

Acreditemos em nós, acreditemos na sabedoria da vida.

6 comentários :

  1. Acredito que desperdiçar uma oportunidade de experimentar e aprender seja como um relógio parado, sem acréscimo a Vida. Se já estou aqui, enfrentar os desafios mesmo que eu não consiga concluir será uma experiência fascinante de me fazer entender que preciso crescer até mesmo com os meus erros e dificuldades. Quero continuar acreditando que eu posso vencer esse desafio com determinação e vontade e ser melhor que ontem. Muito Bom, Adriana.

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  2. É verdade, Rosilene! Que estejamos sempre prontos a enfrentar nossas experiências porque elas são para nós, são nossas! Que não retiremos de nós, sem motivos justos, as oportunidades que nos farão crescer.
    Abraços fraternos.

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  3. "toda mudança é sinônimo de trabalho íntimo" enxergar em si mesmo o que precisa ser mudado é de grande ajuda, porque auxilia a perceber as nossas reações às ações da vida.
    E sim, a percepção das conquistas alcançadas traz a alegria e a confiança de buscar outras ainda necessárias.
    Desistir? a vida estará sempre nos lembrando das nossas escolhas equivocadas. Que precisamos vivenciar nossas escolhas para nos possibilitarmos a novas experiências.

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    1. O ponto é que nem sempre sabemos se é hora de desistir. Então, acredito, Argeu, que devemos estar sempre atentos para isso, lembrando que, se não tivermos enxergado o momento, que não nos martirizemos por isso. Oportunidades para possíveis mudanças a vida nos dará sempre.
      Abraços fraternos.

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  4. Ainda há muita confusão pra mim em insistir naquilo que realmente importa, ou naquilo em que estamos dando murro em ponta de faca. Estando de fora é fácil analisar, porém quando está vivenciando aquela situação, complica bastante. Talvez nessas horas uma mudança de ambiente ou de rotina possa trazer esclarecimentos.

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    1. O grande passo para o nosso crescimento é estamos ali, dentro da experiência, e termos de fazer tais escolhas, mesmo não sabendo o que acontecerá. Seremos nós a fazer o nosso caminho e, deveríamos ficar orgulhosos, por termos pelo menos tentando alcançar os nossos sonhos. Como dizem os nossos amigos espirituais: "que vivenciemos cada caso, por cada caso é um caso". Abraços.

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