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Já postamos um texto, aqui em nosso blog, que falava sobre a influência que nós, encarnados, exercemos sobre os nossos amados que já se foram ("Como as dores dos que ficaram afetam os espíritos").
Quero continuar nesse assunto, mas sob um outro prisma.
Como falávamos naquele texto (e se quiserem lê-lo depois é só clicar aqui), podemos, e muito, influenciar os nossos entes queridos, amigos de jornada que já se foram para os planos astrais, com os nossos sentimentos bons e não tão bons. Isso ficou claro, não foi?
Muitos poderiam dizer que esse processo é uma obsessão de encarnado para desencarnado. Também, poderíamos dizer que o desencarnado sob a nossa influência se escraviza diante de nossas dores e pelas suas próprias, fazendo-nos sofrer as suas desventuras. Estaríamos, assim, vivendo uma obsessão de desencarnado para encarnado também.
Diante desses quadros, vamos analisar o conceito de Obsessão. Segundo Kardec “seria o domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticado senão por espíritos inferiores que procuram dominar o obsediado. É a ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo.”¹
Bem, muito simples de entender e muito necessário, naquela época, para levar aos corações desavisados o temor e o respeito aos que habitavam os planos etéreos.
Certo é que, pelos encarnados da época não compreenderem as várias nuances da vida espiritual, levavam os experimentos realizados como forma de diversão e até de zombaria. Em razão disso, o conceito trazido por Kardec era adequado ao momento evolutivo do planeta.
Hoje, entretanto, já temos uma noção que esse conceito precisa ser compreendido com mais elasticidade. E não é porque ele (conceito) está errado, mas porque temos consciência que estamos mais preparados para entender a nossa verdadeira participação num processo de “obsessão”.
Vamos começar do início.
Quando Kardec nos trouxe essa informação, tivemos uma boa desculpa para tirarmos de nossos ombros as culpas por processos desequilibrantes pelos quais passávamos. Tudo era culpa de um espírito maligno que nos fazia tomar atitudes imorais ou mesmo impensadas, eximindo-nos de toda e qualquer responsabilidade sobre as nossas ações.
Na atualidade, porém, a espiritualidade amiga nos informa a todo tempo que esse processo, chamado de obsessão, deveria ser mais bem raciocinado. Já temos subsídios para entender que ele não é tão cômodo assim.
Podemos passar por uma influenciação espiritual que nos dará combustível para tomarmos atitudes que, a princípio, parecemos incapazes de fazer, mas que as executaremos com requinte. Isso significa que aceitamos tal influenciação, que estamos em sintonia com as ideias que nos foram trazidas, porque, mesmo quando nos encontramos influenciados por irmãos espirituais, somos nós quem damos o aval para toda a atitude que tomamos, ou seja, somos nós que escolhemos agir daquela forma; somos nós que aceitamos a sugestão dada por aquele espírito e agimos por nossa vontade.
Se fosse diferente, tal espírito teria poder para infringir uma das leis divinas que nos regem e é soberana que é a Lei da Liberdade que tem como escopo o livre arbítrio.
Mesmo quando pensamos na possessão, forma mais intensa de obsessão, não estamos desprotegidos. Todo processo de possessão inicia-se devagar e vai aumentando pouco a pouco a sua intensidade. Podemos nos desvencilhar daquela presença se desejarmos. É o nosso querer falando mais alto. Se não fazemos, é porque estamos em sintonia com o processo que se descortina ao nosso redor. Estamos confortáveis em delegar ao outro (obsessor) o processo de escolha que nos cabe. Mas, o fato de deixarmos alguém escolher por nós, não nos exime da responsabilidade ao aceitarmos cada escolha feita pelo outro.
Por isso, não podemos afirmar que somos alvos desprotegidos de quaisquer seres espirituais que, por motivos que não nos caberia saber, influenciam-nos a ponto de perdermos a nossa liberdade de escolha.
Ainda, esmiuçando o conceito trazido por Kardec, precisamos repensar quando afirmamos que somente participam de um processo de obsessão os maus espíritos.
Eu pergunto: você e eu somos espíritos maus? Porque se aceitamos que podemos influenciar um espírito que nos é caro, a ponto dele sair de seu caminho redentor para estar conosco, em nossa dor, então, o estamos “obsediando”, mas não porque somos maus, e sim porque somos ignorantes.
Num conceito mais real, eu entendo que qualquer um pode “obsediar” alguém, porque enquanto não compreendermos as verdades divinas e nos equivocarmos na exacerbação de nossos sentimentos, de nossas vontades, estaremos influenciando alguém para alguma coisa.
Se todos nós somos passíveis de influenciar, então, todos nós somos obsessores contumazes que convencemos o outro a fazer aquilo que achamos ser o correto. Mesmo quando pensamos num processo de obsessão característico (como o que foi descrito nos parágrafos acima), o obsessor acredita que está fazendo algo que é importante e certo, mesmo que o certo não seja para o obsediado, mas sim para ele, o obsessor. Não é o que fazemos?
Pensemos na vingança. Ela também não segue o mesmo princípio? Nós não somos capazes de nos “vingar” quando alguém faz algo que nos incomoda? Mesmo quando nada fazemos, não deixamos para Deus tomar as medidas necessárias para que o outro sinta que não fez certo? Não é em nosso vocabulário o dito “Bem-feito!”, quando nos vemos “vingados” pelas circunstâncias da vida?
Ainda não compreendemos o nosso papel na vida do outro, tampouco o dele na nossa vida. Isso é a comprovação de nossa inferioridade ante os degraus da evolução. Este estado de inferioridade nos leva a pensar que temos absoluta razão em nossas convicções e lutamos para que todos se submetam a elas, por dois motivos: somente pelo nosso bem-estar (independentemente do que outro sinta) ou pelo bem-estar daquele que amamos (acreditamos que temos todas as respostas).
Quando percebemos, porém, o nosso erro (através de nossa evolução íntima), nos arrependemos, tentamos modificar o processo e seguimos novos cursos na vida.
Assim, é com todos. Pela nossa inferioridade, pela nossa ign
orância, fazemos más escolhas, mas não somos maus. Somos filhos que ainda não entenderam que Deus sabe o que faz. Nos sentimos órfãos diante das adversidades da vida, achando que estamos sendo punidos por Deus por algo que fizemos. Essa sempre foi a ideia trazida pelos nossos grupos religiosos a séculos.
orância, fazemos más escolhas, mas não somos maus. Somos filhos que ainda não entenderam que Deus sabe o que faz. Nos sentimos órfãos diante das adversidades da vida, achando que estamos sendo punidos por Deus por algo que fizemos. Essa sempre foi a ideia trazida pelos nossos grupos religiosos a séculos.
Quando percebemos que não estamos sós, que somos amados, que as leis estão incidindo sobre nós para o nosso aprendizado porque Deus nos ama, reagimos mais corretamente para produzirmos uma melhor conclusão naquela etapa de aprendizado.
Por tudo isso, precisamos compreender que o processo “obsessivo” é mais um processo de influenciação pela sintonia existente entre encarnado e desencarnado e que todos nós somos passíveis de sofrê-lo ou de cometê-lo.
Mas, seja quem influencie (encarnados ou desencarnados), teremos responsabilidade nos eventos presentes e futuros, segundo a nossa participação como concretizadores da ideia original trazida.
Obsessão existe? Podemos dizer que sim. Porém, acredito que mais como um processo de influenciação por sintonia mútua do que de dominação por submissão.
Pensemos nisso.
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Se quiserem ler o texto mencionado acima, "Como as dores dos que ficaram afetam os espíritos", cliquem aqui.
[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Obsess%C3%A3o_(espiritismo)
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