📢 Ouça também este artigo na voz da autora.
Toque nos dois plays.
Este período em que estamos vivendo está nos mostrando o
quanto isso é verdadeiro.
“Nunca” imaginamos que pararíamos por um segundo a nossa
rotina diária!
“Nunca” imaginamos que ficaríamos em casa no meio da semana,
nos dando tempo (ou não) para nos voltarmos para o nosso lar, para a nossa
família de uma maneira tão intensa que, logo no início, alguns de nós até se
incomodaram.
Mas, como tudo na vida que é mais sábia que todos nós, nos
vimos “forçados” a encarar uma realidade que nos colocou no centro de nossa
própria atenção: nos vimos forçados a olhar, ou pelo menos, nos deparar com os
valores que abraçávamos diariamente e refletir se eles são mesmo os mais
importantes.
Engraçado como, neste período, tudo está sob um novo ângulo
e o que antes dizíamos que era importante perdeu um pouco do seu brilho.
Mas, apesar disso tudo, quero refletir aqui com vocês uma
realidade da maioria de nós, não só a nossa.
Muitos puderam ir para os seus lares porque tiveram
condições de levar o seu trabalho junto, mas a maioria não.
Muitos puderam, ao chegar na proteção de seu lar, se sentir
seguros, ou pelo menos, mais seguros, mas a maioria não.
Muitos puderam, neste período, confinados, se interiorizar e
descobrir que existe um alguém que estava esquecido nos recôncavos de nosso
mundo interno, mas a maioria não.
Muitos dos que não puderam fazer o afastamento social, puderam
enxergar como o lar é um refúgio importante para a sua família, mas a
maioria não viu.
E por que a maioria não? Porque mesmo pensando:
- que estamos no momento de uma transição planetária;
- que as máscaras que sempre vestimos estão caindo para
sabermos quem somos;
- que a pandemia, além de ser uma catástrofe para a humanidade,
também serve para que nos freemos e nos enxerguemos mais claramente diante
desta “parada” do mundo;
- que o flagrar de nossa mortalidade pode nos motivar a
buscar caminhos diferenciados em nosso futuro...
... ainda assim, não deixamos de ser quem somos com todas as
nossas qualidades e defeitos.
Ora, quem era desatento a um viver mais interiorizado, poderá continuar sendo!
Quem não era devoto a uma vivência ética e moral, poderá continuar sendo!
Quem vivia a vida numa rotina exteriorizada, poderá continuar sendo!
E poderá manter a sua postura mesmo dentro de casa, porque nada muda no nosso templo
interior se não houver uma ínfima mudança no nosso olhar e pensamentos.
Significa dizer que eles, ou nós, se não viviam para um
crescer evolutivo espiritualizado, não mudarão sem desejarem e, não se surpreenderão,
sem um reforço externo. Explico o que quero dizer:
Se diante desta nova realidade, ainda estiverem desatentos,
somente esperando o retorno à rotina abandonada, essa experiência passará sem
grandes modificações interiores. Assistirão muita televisão, frequentarão muito
as redes sociais, jogarão ininterruptamente os aplicativos que estão à
disposição de todos... e tudo isso poderá levá-los a se alienarem mais e mais.
Então, precisarão ser “acordados” e para isso é necessário,
auxiliando o fluxo sábio da vida, de um alguém ou alguma coisa mais
significativa “para eles” que levará essa nova verdade de superação aos que ainda
não enxergam.
Estes, na maioria das vezes, são aqueles que afirmariam, com
orgulho, que apesar de tudo o que estamos vivenciando nunca a humanidade se
lapidará. É preciso repensar sobre essa “ilusão” que está sendo alimentada e
carregada a séculos por cada um de nós, porque se não afirmamos hoje isso, por
vezes ainda agimos assim, e isso nos levará a uma grande decepção.
Esta experiência está sendo única para nós, mas já aconteceu
outras pandemias em outras épocas e a humanidade não buscou mudanças
expressivas.
A diferença é que desta vez sei que, conforme se cumpre a
evolução planetária, muitos estão mais abertos e mais voltados para uma vida
mais espiritualizada, mais voltada para um algo maior dentro de si, fazendo
refletir, mesmo que de forma indireta, um maior número de pessoas.
Infelizmente, porém, esse processo é gradual e individualizado e ainda não abraçou
a grande maioria.
Lembram quando eu disse acima que a vida precisaria de uma
forcinha externa para ajudar aos que ainda estão alienados? Então! É de nós que
ela precisa, seja para nos incluirmos neste número, seja para acordarmos o
maior número de pessoas que pudermos.
É de nossas atitudes, pensamentos e sentimentos que a vida
necessita para que nossa postura, energia, otimismo e fé conscientizem e “contaminem”
aqueles que ainda não se tocaram do quanto é oportuno aproveitarmos as
experiências que a vida nos oferta, dando um impulsionamento em nossa caminhada
evolutiva.
O que podemos fazer então para que se aumente esse número de
pessoas que podem extrair desta experiência o melhor que ela nos traz? Qual
seria o nosso papel?
Acreditarmos que, ante a Sabedoria Divina, Ele sabe que podemos
fazer algo novo. Acreditarmos que podemos fazer a diferença em nossa vida e na
vida do outro sem muita complexidade! Pela simplicidade e verdade, sem
imposição, nos tornemos os propagadores de uma nova visão dos valores do mundo,
agindo com otimismo e responsabilidade. Usemos dos meios que temos para levar
“ao mundo do outro” aquilo que o “nosso mundo” está cheio: de vontade de
aprender e evoluir.
Não falemos que “nunca” estaremos capacitados, porque mais
do que “nunca”, tivemos a prova que a humanidade inteira pode realizar um algo
novo se isso for extremamente relevante. E nós provamos para nós que temos
condições de ver o bem além da dor.
Não estou pedindo algo que foge do nosso alcance, mas somente
que sejamos mensageiros para aqueles que estão ao nosso redor de um olhar mais aberto
às bênçãos que se encontram nos recôncavos do desespero.
Sejamos nós aqueles que se recusarão a achar que a nossa
vida está pautada no “nunca” e, rebeldes, sejamos os que propagarão o “sempre”:
sempre estaremos vivendo e experienciando circunstâncias que nos remeterão a
enxergar a presença amorosa e misericordiosa do Altíssimo!
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