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O problema (se posso dizer que é
um problema) é que nós não temos tempo. O tempo não nos pertence, ele flui e
nós estamos nele, como estamos no Pai.
O tempo passa e tudo o que passou
não volta mais. O tempo escoa por nossos dedos e tudo o que nele tinha a sua
base também com ele escoará. Mas, mesmo sendo passado podemos não nos
desatrelar das dores que sentimos nele, trazendo-as concretamente para o presente. E fazemos isso porque esse passado que as contém, pelo menos para nós, não está acabado, não está encerrado.
Assim, vivemos no presente as nossas impressões, as nossas crenças internas construídas
ou destruídas a cada experiência que vivemos no passado. Elas nos fazem mais sábios, mesmo que ainda não enxerguemos, com clareza, as lições advindas delas; mesmo que não entendamos que
aquilo que ficou fará sentido um dia em nossa existência.
O tempo não nos pertence porque ele não nos atende em nossos desejos. Ele vem e vai sem pudor, sem convite ou carta de despedimento. Mas, mesmo não nos pertencendo, ele faz diferença: ele nos dá a oportunidade de nos moldar, de refazermos os nossos equívocos simplesmente por estarmos nele e ele escoar de nós.
Após sermos criados,
nos tornamos seres atemporais (nosso espírito imortal), e para o plano
imaterial voltaremos, deixando, finalmente, o ser que sofre o efeito do tempo
se findar. Isso nos amedronta, mas é o destino de todos nós que ainda necessitamos
viver no plano material. Para nós, na carne, nada fará o tempo voltar e ele
poderá fazer falta se acharmos que não o aproveitamos como deveríamos.
Isso é notório quando estamos
acamados, doentes em casa ou nos hospitais. Temos tempo para perceber realmente
se e como aproveitamos (ou não) o nosso tempo, porque nos tornamos mais
introspectivos quando nestas condições.
Se estivessem acamados e diante de suas ações diárias hoje, estes pensamentos fariam parte de seus dias?
- Claro que poderíamos ter aproveitado melhor a presença dos nossos filhos, mas nós precisávamos trabalhar para dar o melhor para eles...
- Claro que poderíamos ter ido visitar mais vezes os nossos pais, mas acreditávamos que teríamos mais tempo...
- Claro que poderíamos ter ajudado financeiramente nosso irmão (ou amigo), mas entendíamos que estávamos construindo o seu caráter para lutar pelo que ele sonhava...
Quando nós ou estes se vão, abraçaríamos uma culpa que atormentaria nossa alma por acreditarmos ter errado? Se isso ocorre é porque nós não estávamos totalmente convencidos de nossas próprias justificativas e, diante do fim, percebemos que as desculpas que demos poderiam ser contornadas e que a valorização do ser espiritual deveria ter sido a primeira meta. Se estivermos tranquilos, foi porque tínhamos convicções fortes sobre como agir para alcançarmos o que achávamos ser valoroso.
Quase todos os médicos e enfermeiras
são unânimes em concordar que o que mais se vê nos quartos, enfermarias e
corredores dos hospitais, são os doentes e familiares arrependidos por não
terem se doado por inteiro àquela vida (sua ou do seu amor); por
não terem se dedicado mais aos verdadeiros valores do espírito, aos únicos tesouros
que o espírito pode acumular e levar daqui.
É como se eles tivessem resolvido
investir todo o seu dinheiro (tempo) em fundos de investimento (escolhas) e
estes perderem o seu valor com a quebra da bolsa de valores (vida material).
Provavelmente, a culpa por esse horrível investimento
os acometerá, mas como vocês poderão se acusar de ter errado se, naquele momento, tudo os levava a acreditar que seus investimentos estavam corretos?
Para cada momento de nossas ações, devemos analisar segundo o entendimento limitado e restrito que tínhamos naquela oportunidade. Por isso, julgarmo-nos impiedosamente não é o objetivo do tempo e sim compreendermos o quanto estamos amadurecendo com todas as nossas experiências.
Não possuímos o tempo e quanto mais tempo gastarmos com o que não nos faz crescer, mais arrependidos poderemos nos sentir por não percebermos que a cada tempo que se vai, menos tempo teremos nesta vivência para melhor dela aproveitar e crescer.
Que entendamos que o tempo é um
presente divino e que somente no presente ele existe para nós, mas que, como
uma onda intensa, passará e também estará conosco e nos arremeterá aonde
necessitamos estar para o nosso aprimoramento.
Usemos do tempo a nosso favor,
mesmo que ele não possa ficar, mesmo que ele ainda esteja ao nosso redor!
O tempo não nos pertence, mas é
nele que agiremos com os princípios e crenças que nos norteiam para transformarmos
a nossa vida no presente, tendo o passado como instrutor e o futuro como meta!
Estou em um longo e interminável processo de aprendizado de como usar o meu tempo com sabedoria. E ainda assim percebo que não aprendi nada. Enfim...
ResponderExcluirOlá Henderson! Você está mais pessimista hoje! rsrsr
ResponderExcluirSócrates dizia: "Só sei que nada sei". Ele estava ignorando tudo o que já aprendera? Não. Ele só percebia que, quanto mais ele conhecia, mais os assuntos se descortinavam aos seus olhos e mais questionamentos ele tinha. Somos assim. Muito já assimilamos, mas muito mais ainda aprenderemos. Enfim... que venham as oportunidades para as novas compreensões.
Luz e Otimismo.