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Muitos têm problema em responder essa pergunta porque ela
nos coloca filosoficamente à prova. Somos, por toda a nossa vida, educados a
buscar colocar o outro como o principal alvo de nossa atenção: filhos, marido
ou esposa, pais, amigos... porque se assim não agirmos, seremos egoístas,
não seremos verdadeiros cristãos!
Porém, o tempo passa e nós amadurecemos e percebemos que
aquilo que pensávamos estar correto, pode não ser bem a verdade a ser mantida.
Jesus não nos disse que deveríamos colocar o outro em
primeiro lugar. Ele nos disse: “Amai ao próximo como a si mesmo”. Isso
significa que não devemos deixar de amar o outro, mas que não o faríamos mais
do que a nós mesmos.
Isso não é egoísmo, isso é amor-próprio. Isso é entendermos
que não conseguiremos dar ao outro o que não possuímos, porque vai contra a lei
divina: só podemos dispor daquilo que temos ou somos.
No patamar evolutivo que estamos, quando vemos pessoas se “anulando”
completamente em prol de alguém, e aplaudimos, valorizando sobremaneira a sua
atitude, estamos incentivando-a a fazer algo que não é benéfico nem para ela
nem para aquele que é o seu alvo de amor.
Normalmente, em contrapartida por tudo o que faz, este
alguém deposita todas as suas expectativas no outro, querendo que ele lhe seja
grato eternamente. “Abdica de si mesmo” esperando que o ser amado faça por ele, o que
ele não fez por si mesmo. Daí é que acontecem os desapontamentos, as expectativas
maiores do que o outro consegue lidar e o círculo vicioso se instala.
Assim, aquela mãe que faz tudo pelo seu filho, esquecendo-se
de suas próprias necessidades, desejará, no seu íntimo, que ele supra aquilo
que ela não está podendo fazer para si mesma. O filho não conseguirá atendê-la
e as cobranças se iniciam, muitas vezes, sem ela mesma perceber, porque cobra
sem saber o que ela deseja dele e ele, tampouco, saberá o que ela precisa.
Vocês podem se perguntar: mas Jesus, que é o exemplo a ser
seguido, não fez isso? Não se sacrificou por todos nós, sem pensar em si mesmo?
Minha resposta é simples: Ele, em nenhum momento, deixou de amar a Si mesmo e jamais renunciou a Seu Ser por nós. No “sacrifício” que fez, não abriu mão de quem Ele
era, porque Ele sabe amar.
Jesus nos proporcionou uma lição de amor e devotamento às
verdades que trazia em Seu peito e, nessas verdades, nós estávamos incluídos.
Jesus viveu para cumprir a missão que se propôs e não abriu mão dela,
amando-nos sem cobranças. Como um pai que coloca a sua vida em risco por um
filho em perigo, sem exigências e preocupações, Jesus fez o mesmo por nós. Isso
é amor e devotamento. Não é deixar de se amar pelo outro, é amar o outro como nos
amamos.
Confundimos tais sentimentos e invadimos a vida do outro,
porque ainda não compreendemos que a dor é útil, nos fortalece e nos amadurece para
o nosso trilhar evolutivo. Por não gostarmos de sofrer, queremos abraçar as
dores de nossos amores para poupá-los do sofrimento, mas, esquecemos de que somos
quem somos pela somatória de todas as experiências vivenciadas. Jesus era quem
era pelo mesmo motivo.
Estamos crescendo e percebendo que precisamos nos amar conscientemente. E se
este amar significa vez por outra auxiliarmos quem amamos em sua trajetória,
tudo bem. Mas, não os deixar viver por temermos que eles se forjem nas
labaredas da dor que edifica a sua alma, erraremos duplamente, conosco
e com eles.
Acho que o ponto é justamente entendermos o que é amor-próprio e o que é egoísmo. Se conseguirmos saber separar as coisas, acho que conseguiremos ser prioridade em nossas vidas sem prejudicar outras pessoas. O mais importante, como foi dito, é saber amar aqueles que consideramos importantes, e muitas vezes isso significa deixar ir. Boa reflexão. Abraços.
ResponderExcluirObrigada pelas considerações, Henderson. Que consigamos continuar nesta tarefa de nos auto-conhecer. Abraços.
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