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Acredito que
muitos de vocês dirão que não são. Dirão que vocês não se preocupam com o que
os outros vão dizer... Mas, afirmo que, para os muito poucos que não se
importam mesmo, a grande maioria se preocupa sim.
Colocando
claro que o meu objetivo aqui é fazer menção somente a aparência, sem tocarmos
em qualquer preconceito que tenhamos construído em nosso coração ou pela
coletividade, vamos tentar pensar no nosso cotidiano: se alguém chegar apresentável
no seu trabalho, perto do seu carro, na mesma rua que você trafega, como você o
trataria? Você desconfiaria dele? Na maioria das vezes, você o trataria muito
bem e não desconfiaria que essa pessoa lhe faria qualquer mal, com exceção,
talvez, se ele o olhasse ou agisse de uma forma suspeita que leve você a
duvidar de suas intenções! Mas, e se alguém chegar desgrenhado, maltrapilho ou
mesmo vestido com simplicidade? Se o cabelo estiver comprido demais e as unhas
sujas? Com certeza, se ele se apresentar da forma que você considera fora do
padrão, você imediatamente fará um julgamento de valor e, possivelmente, esta
pessoa perderá a sua credibilidade sem ter tido tempo de provar o contrário.
Por sabermos
disso, temos a reação de nos preocupar com a aparência e, diria eu que isso
seria positivo, se essa preocupação ficasse no limite do aceitável. Termos o
cuidado conosco é essencial para demonstrarmos o quanto estamos nos amando e
nos preocupando com o nosso bem-estar. Mas, colocarmos isso no oitenta da
tabela de valores[1] é complicadíssimo,
porque nos escravizamos ao que os outros acham que servirá para nós, ao que os
outros entendem como satisfatório para a nossa aceitação. Não é isso que geralmente
nós fazemos com os outros?
Estamos nos
perdendo em importância, nos preocupando demais com a casca, porque se
precisamos estar magros, bem vestidos, ter o carro do ano, o imóvel mais caro, tudo
de melhor, estamos nos escravizando a uma ideia coletiva de que convenceremos
os outros que temos valor pelo que temos, sem necessitarmos nos
aprimorar nos tesouros de nossa alma, ou seja, o que somos.
Nesse caso,
como podemos nos libertar? Acredito que amenizando e aprendendo que a aparência
não é tudo. Se tivermos respeito por qualquer um que esteja ao nosso lado,
enxergaremos várias pedras preciosas a nos enriquecer com as suas experiências.
Estava eu
numa palestra e ouvi a seguinte experiência: um empresário aguardava um
especialista renomado em seu escritório e ele sabia que tal profissional tinha
pouco tempo a perder, por isso, avisou a secretária que quando ele chegasse,
era para ela o anunciar imediatamente. Passadas algumas horas, o empresário
estranhou a demora e saiu de sua sala para saber se o especialista não tinha
dado alguma notícia. Para a sua surpresa, ele já se encontrava lá, aguardando
há mais de uma hora. O chefe repreendeu a secretária que se defendeu dizendo:
“Mas, como eu iria saber que era ele, se o senhor me diz que ele era um doutor?”
O ponto crucial dessa história é que o tal especialista estava de calça jeans e
uma blusa comum. Sua mala tinha se extraviado e ele estava com a roupa com a
qual ele viajou. Quando ele chegou no escritório, ela, sem escutá-lo e
julgando-o pela aparência, pediu que aguardasse.
Bem, em uma
análise bem crua, o que era mais importante para o empresário contratante: a
roupa que o especialista usava ou o seu conhecimento?
Precisamos valorizar
o que é realmente importante! Porque se continuarmos a valorizar a embalagem
e não o conteúdo, não enxergaremos no outro aquilo que lhe dá o seu verdadeiro
valor!
Enquanto agirmos
assim, não quebraremos esse círculo vicioso que algumas sociedades criaram pela
sua ignorância espiritual.
Isso acontece
aqui no Brasil, mas também acontece em outros tantos lugares que, mesmo sendo civilizações
mais antigas ou que se dizem muito mais espiritualizadas, separam os seus
nacionais pelo padrão financeiro, pelas ideias divergentes, pela cor, pelo sexo,
pela religião etc, não permitindo, portanto, que, com a vivência, haja a troca
das experiências entre os diferentes. Quem perde somos nós enquanto humanidade!
Que tomemos a
precaução, portanto, para não ultrapassarmos a divisa do cuidado que devemos
ter com o nosso corpo físico e a exacerbação de valorizá-lo tanto que,
escravizados a ele, não enxergamos que esse invólucro é somente uma casca que,
com o tempo, virará pó.
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