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Hoje em dia, é muito natural para
alguns pensarem que se não estamos satisfeitos com o nosso relacionamento e não
mais desejamos continuar com o companheiro escolhido é só comunicá-lo e... tudo
acabou!¹ Mas,
não era assim antes e não é tão simples assim agora².
Como muitos estão lembrados, em
nosso país, até pouco tempo atrás, existia uma obrigatoriedade legal de que
o casamento somente se findaria com a morte de um dos cônjuges, inadmitindo o
divórcio. A igreja católica ainda não o aceita e tal concepção não veio ao
acaso. Sem querermos colocar em discussão sobre a Bíblia ter sido alterada por
mãos humanas, em uma de suas passagens, Jesus foi questionado sobre o divórcio
e Ele foi categórico ao responder que “Não separe, pois, o homem o que Deus
uniu.”
Bem, tentando entender o que
Jesus quis nos ensinar sobre o divórcio há mais de dois mil anos, busquei em mim
o que eu considero condizente com a imagem que tenho de Jesus e,
principalmente, de Deus. Se não concebo que Deus faz algo imperfeito, não
conseguiria aceitar que Jesus confirmaria algo que estivesse imperfeito ou sem
base nas leis divinas.
Ele afirmou que “não poderíamos
separar o que Deus uniu”. Mas, o que significa isso para os dias atuais em que
o divórcio, no Brasil e a cada dia, está mais fácil de se conseguir? Pensei no
caso de que, quando estamos para reencarnar, formulamos, juntamente com os
nossos instrutores, o melhor para a nossa programação de vida. Escolhemos
aquilo que é extremamente importante para o sucesso de nossas metas: local de
nascimento; partes da nossa personalidade que desejamos depurar; quem faria
parte de nossa vida, como os filhos, companheiros de jornada, pais, irmãos etc (cada um, em seu planejamento, fechando o do outro para que, num grande mapa,
todos possam participar dessa divina oportunidade de crescimento coletivo).
Então, a partir do momento que
estamos nos organizando para tal experiência, as leis cósmicas nos colocam
juntos e unidos com um único ideal: que dê certo! Deus nos uniu pelos laços do
resgate de nós mesmos, nos abraços dos outros, na compreensão alheia de nossas
falhas humanas por meio daqueles que seriam os mais aptos para as conciliações
devidas, bem como no rigorismo daqueles que poderiam nos colocar no caminho
mais reto de nossa proposta reencarnatória (“Por isso, deixará o homem pai e
mãe e se unirá à sua mulher; e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já
não são dois, mas uma só carne.” - Marcos 10:7,8). Aqui, é
trazida a figura dos pais e dos filhos.
Mas, Jesus continua explicando: “Quem
repudia sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E
se a mulher repudia o marido e se casa com outro, comete adultério." (Marcos 10:11,12).
Fiquei algum tempo pensando nessa
passagem, admito. Fechei os meus olhos e busquei entendimento. E, aí, veio-me à
mente a ideia de que Jesus designou como adúltero somente o cônjuge que repudia
o seu companheiro, mas não o repudiado. O interessante é que o conceito de
repudiar, vai além do “separar-se através do divórcio”. Ele significa “desamparar
alguém, deixar em abandono; rejeitar, repelir”.
Analisando agora o conceito de
adultério, ele vai além da “infidelidade conjugal”, também é falsificação e adulteração.
Fiquei imaginando os casos de
violência doméstica, de casamentos arranjados, onde um dos cônjuges, para sua própria
sobrevivência, necessita se desligar dessa relação tóxica. Lembrando que, se
não existem vítimas na aplicação das leis divinas, então, aqueles que vivem tais
experiências, não estão sendo alvos de uma punição divina, mas sim tendo uma
oportunidade de aprendizado e crescimento interior. Quando estes forem
alcançados, nada mais há que os leve a continuar vivenciando essa experiência. Entendo
que, naturalmente, os laços poderão ser desfeitos.
Consegui, finalmente, compreender
que Jesus quis ir além da ideia de separação de um casal, mas sim de não sermos
fieis às verdades em nosso relacionamento. O adúltero não seria, simplesmente,
aquele que pede a separação, mas aquele que lhe deu causa. Aquele que não teria
“motivos justificáveis” para abandonar um projeto de vida elaborado, tão
exaustivamente, para o crescimento daquela coletividade mencionada
anteriormente, mas deu causa ao abandono.
Por isso, compreendi também que a
proibição do divórcio na visão de nosso Deus Justo está Nele jamais exigir algo
de nós que ainda não temos condições de fazer; de amar plenamente aqueles que
estão ao nosso redor; de compreendê-los plenamente em suas dificuldades; de
aceitá-los integralmente como são.
Acredito que, quando Jesus falou
que o divórcio somente existia em razão da rudeza³ de
nossos corações, ele estava nos descrevendo não somente no antes, mas também no
agora. Se assim é, não temos como nos ligar ainda ao outro por laços
inquebrantáveis porque nos tornaríamos algozes de nossos companheiros e mártires
de nós mesmos, mas a cada uma das experiências que tivermos, buscaremos agir
com o melhor de todo o nosso aprendizado.
O divórcio, na visão de nosso
Deus Justo, é somente um instrumento, onde se errarmos, retornaremos para
consertar aquilo que, por ignorância e coração embrutecido, ainda não
compreendemos.
[1]
Nossas concepções vão mudando com o tempo, mas nunca de uma forma pacífica.
Muitas pessoas, para mudarem os valores de uma sociedade, sofrem muita
discriminação e são alvo de muitas críticas. Isso se dá pelo medo dos seus
conterrâneos (ou do mundo) das mudanças que aquelas pessoas estão propondo em
suas vidas.
[2]
Muitas consequências são produzidas a partir desse relacionamento e teremos que
arcar com elas em algum momento. Mas, isso é assunto para outro artigo.
[3] Chegaram
os fariseus e perguntaram-lhe, para o pôr à prova, se era permitido ao homem
repudiar sua mulher. Ele respondeu-lhes: "Que vos ordenou Moisés?" Eles
responderam: "Moisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a
mulher." Continuou Jesus: "Foi devido à dureza do vosso coração
que ele vos deu essa lei;” (Marcos 10:2-5)
Adriana, que texto lindo. Creio que será de grande valia para acalantar corações necessitados. Gratidão!
ResponderExcluirOlá Gislaine! Que bom que gostou! Foi com muito carinho que o fiz, pensando em tantas pessoas que se veem em situações de escravização de seus sentimentos por acreditarem que não têm a opção de serem mais felizes. Podemos ser felizes com qualquer das escolha que fizermos. Deus nos aguarda em qualquer tempo que levarmos para compreendermos isso. Bjs no coração.
ExcluirParabéns pela reflexão!
ResponderExcluirObrigada, Vanessa! Abraços fraternos.
ResponderExcluirAmei o texto li e reli.
ResponderExcluirQue bom que o texto ficou convidativo. Obrigada Ida. ❤️
ResponderExcluirEu tenho que refletir muitoooo sobre "dureza de coração "... acredito que nossa humanidade nos faz ficar assim de alguma forma.
ResponderExcluirPassa mil coisas em minha mente e não chego ao fiel da balança.
Ótimo texto. Parabéns!
Oi Renata! A humanidade ainda está embrutecida, mas acredito que também está nos evoluindo no conjunto, porque não estamos mais aceitando como natural esta mesma violência. A evolução não dá saltos e nós também não. Melhoraremos, devagar, segundo a nossa capacidade de compreender cada uma dessas experiências.
ExcluirContinue assim, refletindo.
Abraços fraternos.