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Tive uma oportunidade de poder passear
com pessoas muito especiais para mim e gostaria de compartilhar com vocês um
aprendizado que tive.
Dentre essas pessoas, uma delas tem
setenta e seis anos de idade e percebi algo muito interessante: ela está
envelhecendo. Isso pode parecer obvio depois que eu disse que ela tem setenta e
seis anos, mas não era tão obvio para mim até esse passeio!
Sei que os nossos idosos de hoje
não são como os nossos bisavós no passado. Os primeiros estão muito mais
saudáveis e ativos do que muitos jovens que conhecemos na atualidade, mas,
apesar de saber que ninguém precisa se aposentar da vida só porque está idoso, o
que quero expor aqui é que há o desgaste natural do organismo pela idade e que,
na maioria das vezes, não percebemos, ou não queremos perceber, esse processo em
nós.
Continuando, ela sempre foi muito
ativa e dava de dez a zero em mim em fôlego e disposição. Claro que ela ainda continua
motivada e disposta a fazer o que fazia antes, mas hoje tudo é um pouquinho mais
devagar do que antes e, às vezes, mais difícil.
Vi que ela também se surpreendeu
com essas tais dificuldades e penso que seja porque ela ainda não se “flagrou”
com a idade que tem. Quando eu e os demais víamos que ela ia fazer algo que
acreditávamos estar além de sua capacidade e queríamos poupá-la, ela agia como
se não entendesse o porquê de a estarmos impedindo de realizar a tarefa, se ela
sempre fez aquilo “muito bem e obrigado”.
Meus pais sempre me ensinaram que
a gente tem de perceber as necessidades alheias e isso é tão intrínseco em mim
que eu ajo muitas vezes sem pensar. Vejo muitos jovens que não se levantam de
suas cadeiras nos ônibus para um idoso ou gestante sentar, que não ajudam os
mais velhos que carregam sacolas pesadas e não foi assim que fui educada. Um
dia, eu estava no ônibus e vi um senhor em pé. Levantei imediatamente e
perguntei se ele queria sentar. Qual foi a minha surpresa dele ficar surpreso!
Quando desci do ônibus, conversando com quem estava junto comigo, descobri o
porquê: primeiro, acreditamos que foi porque “alguém” o deixou sentar; mas, o
mais engraçado (e fui objeto de chacota por isso) é que, possivelmente, eu era
mais velha do que ele (rsrs).
Sabe, às vezes, eu esqueço que tenho
mais de cinquenta anos!! E acho que isso também acontece com todo mundo,
inclusive com essa pessoa especial que mencionei antes!
De todas as formas possíveis, esse
passeio foi muito especial para mim: pude ver, nesta pessoa, alguém diferente
da que eu estava acostumada e o mais legal é que esse “flagrar” me fez perceber
que eu a amo muito mais.
Não me importa se ela está
ficando mais velha e que, em algum momento, ela precisará, fisicamente, mais de
mim do que eu dela. O importante é o quanto ela faz diferença para mim só dela
existir.
Uma vez eu vi um vídeo, nas redes
sociais, em que o Padre Fábio de Mello estava falando sobre a utilidade e
inutilidade das pessoas e que somente saberemos se as pessoas nos amam quando
estivermos no nosso período de inutilidade, porque aí estarão conosco pelo que
somos e não pelo que podemos dar a eles.
Acho que foi isso que eu senti!
Não porque essa pessoa estava inútil, muito pelo contrário, ela continua ativa
e forte, mas porque eu não me importava de ter que ajudá-la a estar mais
confortável com as adversidades físicas que se colocavam à nossa frente.
Quantos de nós têm a oportunidade
de se fazerem úteis e compartilharem mais um dia com aqueles que amam? Quantos
de nós podem se dar ao luxo de abraçar os seus amados e dizer aquilo que sentem
sem vergonha ou medo?
Que possamos estar presentes
ativamente na vida de quem nos é caro para que não nos arrependamos de tudo
aquilo que deixamos de fazer por acharmos que teríamos tempo no futuro.
Não percamos tempo, porque o
tempo que se foi não volta mais.
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