Em razão da enorme quantidade de
coisas que eu fazia, eu nunca conseguia fazer tudo o que eu precisava e sentia
que o dia estava ficando cada vez menor.
Hoje, no entanto, estou com uma
ideia que gostaria de compartilhar com vocês. Claro que não estarei esgotando o
assunto aqui e, talvez, vocês não concordem comigo, mas, além de termos muitas
atividades que podem nos sugar todo o tempo do mundo, fico me perguntando se, onde
estou colocando a minha atenção, é tudo o que realmente importa para mim.
Já ouvi sobre as teorias do nosso
tempo estar menor também, mas não é sobre isso que estou falando e nem quero
entrar nesse mérito. Estou aqui trazendo para vocês a ideia de que, se sentimos
que o tempo está curto, então, (a) estamos vivendo a nossa vida sem percebermos;
ou (b) não a estamos vivendo plenamente; ou (c) não estamos fazendo o que
realmente é importante para nós; ou (d) todas as alternativas acima estão
corretas.
Parem para pensar um pouquinho e
percebam como vocês estão gastando o seu tempo?
Se estão sentindo que o
tempo não dá para nada, significa que estão, de uma forma ou de outra, se
dedicando a algo que não está dando lugar ao que pode ser também muito
importante para vocês. Se a situação fosse inversa, a sensação de dever
cumprido seria o único sentimento em seu ser, apesar de não conseguir fazer
tudo o que precisava naquele dia.
Por exemplo, se eu estou sentindo
isso, posso estar trabalhando demais, limpando demais, me preocupando demais...
e não percebendo que isso está consumindo todo o tempo que eu poderia estar me
dedicando a algo que o meu ser almeja alcançar.
Não se iludam pensando que
estamos errando no foco de nossa atenção. Não, não é isso. Se estamos
trabalhando, limpando, nos preocupando, significa que tudo isso tem a sua
importância. O ponto chave é que, mesmo sendo imprescindível, não precisa ser o
resumo de nossa vida.
Vamos imaginar que o que nos move
a trabalhar demais é o bem estar de nossa família. É um motivo justo e
caridoso! Mas, se estamos fazendo isso e não nos damos tempo para usufruir da
mesma, significa que a nossa atitude não está sendo coerente ou que esse motivo
não é o único ou não é o motivo que realmente nos impulsiona.
Precisamos unir as nossas sensações
às ações que a abraçam.
É difícil encararmos as nossas
verdades internas, mas, usando o exemplo acima, muitas vezes, colocamos a nossa
família como uma desculpa honrada para mergulharmos de cabeça no trabalho
porque é ele quem está sendo eficiente para não enfrentarmos algo que nos
incomoda internamente: sentimentos ou emoções que dão margem a crenças que nos
afligem e que não nos sentimos aptos para enfrentá-las.
Nós, inconscientemente,
percebemos que se nos dedicarmos intensamente a determinadas atividades, elas
nos darão a sensação de que estamos vivenciando melhor a nossa vida e não teremos
de enfrentar alguns de nossos temores internos. Essas atividades portanto, são
muito importantes para nós e colocaremos toda a nossa atenção nelas, ao ponto
de, na exacerbação da fuga de nós mesmos, não conseguirmos nos enxergar vivendo
sem elas. O problema é que podemos fazer isso por um tempo, mas não todo o
tempo do mundo. Por nossa própria exigência, a vida nos trará experiências que
nos farão encarar aquilo que está em nós para nos libertarmos dessa pseudo-satisfação.
Se somos nós que construímos o nosso futuro através de nossas ações e escolhas
no presente, então, temos de aceitar que a vida nos afastará, em algum momento
e compulsoriamente, dessas atividades, por elas nos iludirem na conquista de
nosso crescimento interior.
Fico me perguntando: será que se
soubéssemos, escolheríamos limpar a casa inteira no último dia de nossa vida?
Não deixemos para o final de
nossa existência a descoberta do que o nosso ser anseia realizar. Temos as
nossas tarefas diárias que não poderão ser abandonadas, mas que as façamos com
moderação para nos darmos tempo para nos sentirmos e enfrentarmos aquilo que é
imprescindível ao nosso crescimento. Estaremos assim, sendo coerentes e
vivenciaremos, não uma pseudo, mas real satisfação.
O nosso dia está encolhendo? Não,
é só uma sensação do nosso ser nos avisando que outras coisas ainda precisam
ser vistas.
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