Precisamos voltar ao nosso tempo de criança



Estamos passando por um momento de nossa vida que muitas coisas nos parecem injustas e sem propósito, que não merecemos tamanhas dores ou, se merecemos, não sabemos o que fazer com tanto sofrimento.

Isso normalmente acontece porque nos tornamos adultos! Não, não estou exagerando! Se observarmos as crianças, elas também sofrem, mas encaram todo momento de dor com uma visão bem diferente da de um adulto. Normalmente, ela chora, se entristece, mas abandonará qualquer sofrimento se tiver algo melhor para fazer, porque ela não acredita que, aquele momento de dor, é uma punição por seus atos.

Precisamos voltar ao nosso tempo de criança. Precisamos voltar a acreditar que todas às vezes que os nossos pais nos diziam: Pule (em seus braços)!, nós pulávamos sem temer! Que as nossas dores acabavam com o beijo de nossa mãe e que, mesmo tendo que interromper o momento das brincadeiras para fazer algo que não gostávamos, poderíamos voltar a brincar mais tarde ou no dia seguinte.

Parece que existe uma crença que, ao nos tornarmos adultos, devemos acreditar que precisamos deixar de sonhar, deixar de enxergar o mundo com otimismo e com a fé de que tudo corre como deve ser e que, mais tarde ou amanhã, poderemos voltar a fazer o que gostamos.

Mais trágico, porém, é acreditarmos que Deus, a cada momento doloroso, estará nos punindo como éramos punidos quando fazíamos algo errado! Por séculos, fomos condicionados a temer as leis humanas e Divinas que seriam aplicadas contra nós ante as nossas más condutas. Por séculos, fomos condicionados a acreditar que, quando errávamos, somente pela punição cresceríamos como homens de bem.

Primeiramente, quero deixar claro que, pela nossa história evolutiva, eram essas as leis que necessitávamos (e, infelizmente, ainda necessitamos em vários momentos) para nos lapidarmos. Mas, até quando, cada um de nós, precisará dessas leis neste formato? Precisamos compreender que estamos vivendo em outros tempos! O Deus humanizado que conhecíamos pelo Velho Testamento foi, há mais de dois mil anos, Divinizado por Jesus e Este nos mostrou a face do verdadeiro Deus de Amor, não nos tirando a face verdadeira do Deus Justo. Deus simplesmente É!

Para que a criança aprenda, já descobrimos que não precisamos mais puni-la fisicamente. Sabemos, porém, que é justo e que ela precisa de um tempo para pensar sobre o que errou, tendo os seus pais a função de orientá-la, naquele momento, como agir com mais responsabilidade, mesmo que ela odeie estar ali. Depois disso, a criança é retirada de seu “cantinho do pensamento” e poderá continuar a sua vida mais esclarecida e mais feliz.

Se estamos tentando agir assim com os nossos rebentos por acreditarmos ser o melhor e mais justo, precisamos lembrar de agir assim conosco também.

Quando errarmos, precisamos parar de nos punir (seja física, mental ou emocionalmente) só porque somos adultos; precisamos nos dar um tempo para pensarmos se fizemos a melhor escolha, como poderíamos agir diferente... Se não fizermos isto por nós mesmos, que aceitemos da Vida o nosso momento do “cantinho do pensamento”, sabendo que logo, logo, seremos liberados para aproveitarmos o restante do nosso “dia”.


Não percamos aquilo que nos conduz a uma vida de amor e felicidade, pelo simples fato de termos “crescido”. Podemos ser crianças em nossa vida adulta naquilo que elas têm de melhor: confiança, fé, esperança de que tudo passa e que somos merecedores de viver sabendo que, apesar das adversidades, logo mais, ou amanhã, poderemos fazer o que gostamos, porque o aprendizado se fará em nossos corações e estaremos preparados para vivermos como “crianças” amadurecidas.

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