O lugar do outro não é o meu



Parece óbvio? Mas, infelizmente, não é!

Para compreendermos o que quero trazer para vocês esta semana, pensem em nossa vida como uma Peça de Teatro e, em razão das pessoas com as quais convivemos, atuamos em várias dramatizações ao mesmo tempo. Diante disso, precisamos compreender o nosso papel em cada uma delas.

Somos apenas atores coadjuvantes nas peças alheias, contracenando com aqueles que possuem papeis mais importantes que os nossos. Isso não quer dizer que a nossa representação é desnecessária e insignificante, porque, se assim fosse, o Diretor daquela obra não se incomodaria em nos colocar nela. Mas, precisamos compreender que, nesta peça, o nosso papel não é de sermos os protagonistas, mas ajudadores para que, juntamente com o ator principal, nela possamos aproveitar ao máximo todas as experiências e aprender e crescer o quanto pudermos.

Muitas vezes, nesses shows, nos confundimos e queremos deixar de ser coadjuvantes para atuarmos no papel principal. Desejamos viver o que o outro está vivendo porque, aos nossos olhos, a vida dele é muito mais agradável, porque ele está em destaque, porque ele tem a vida que queremos. Esquecemos, porém, que existe um Diretor que, juntamente conosco, elabora a peça perfeita, com o papel de protagonista perfeito para cada um de nós. E se a peça do outro não nos foi indicada é porque, primeiro, nada fizemos para conquistar aquele papel ou, segundo, não atuaríamos bem naquela experiência ou, terceiro, ela não nos seria útil agora, apesar de sermos capazes.

Sendo assessorados por um bom Diretor, temos que ter confiança que Ele saberá, exatamente, qual seria o trabalho que teríamos condições de interpretar nesta oportunidade.

Quando olhamos para a peça do outro, pensamos ser tudo muito fácil ou majestoso porque é ele quem está ali vivenciando as experiências. As adversidades pelas quais ele passa nos parecem possíveis de enfrentá-las com a mesma maestria ou até melhor. O problema é que não percebemos que, estamos participando das experiências dele pelo lado de fora, sem termos as suas emoções que o escravizam às suas crenças e dores e distorcem a sua capacidade de compreender as respostas que seriam facilmente flagradas por nós que não as estamos vivenciando internamente.

Se você não está compreendendo o que estou falando, fica mais fácil ao pensar em seu próprio número teatral! Existe uma única peça em que você é o ator principal, onde tudo age e reage às suas ações e escolhas, onde você é o protagonista: a sua vida! Pense nela e tente raciocinar como é difícil, às vezes, usar do racionalismo puro que você aplica na vida alheia quando são as suas emoções que estão em um turbilhão dentro de você! Como é difícil enfrentar os problemas que chegam e ter o discernimento para colocar em prática tudo aquilo que você falou para o seu amigo fazer quando ele passava por um momento drástico na peça dele.

Essas dificuldades também acontecem em nossas peças quando não sabemos onde nos inserirmos, quando não sabemos o que queremos para nós. Se não sabemos o que queremos ou quais são os nossos sonhos e metas, como saberemos qual papel foi disponibilizado para nós na peça em que estamos?

Se não sei onde devo estar, posso, equivocadamente, pensar que o meu lugar é onde vejo o outro feliz, é onde vejo o outro se encontrar, é onde vejo o outro encaixado. Mas, nem sempre é assim. Diante de nossa capacidade de representação (face as conquistas evolutivas que temos), ter a vida tranquila não é o que pedimos para o nosso Diretor!

Ter, porém, esse desejo de estar melhor é errado? Claro que não! Porque se aprendo vendo o outro atuando, tendo o outro como parâmetro, posso também buscar ter o que o outro tem para uma peça com um final mais feliz. O ponto primordial aqui é que, se não conquistarmos esse enredo (história da vida), não devemos nos rebelar contra o papel que nos comprometemos a representar e atrapalharmos a finalização de toda a peça. Resumidamente, não devemos confundir os papeis que a cada um foi disponibilizado.

Observe a sua vida, vivencie as suas experiências e perceba em qual peça da vida você está atuando! Lembre-se que para muitas pessoas o seu papel na peça delas é imprescindível ao seu crescimento, mas ainda assim é a peça delas. Atue com carinho, mas deixe-as brilhar em suas peças, porque, assim, você brilhará com maestria em seu próprio número teatral.


Cada um de nós é o ator protagonista em nossa vida e cada peça da vida se intercala com a outra, fazendo um maravilhoso espetáculo de aprendizados e crescimentos mútuos. Mas, como bons atores, sabemos que cada um tem o seu papel no curso deste grande espetáculo e que o lugar do outro não é o nosso.

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