No limiar das nossas possíveis mudanças


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O temor que nos abate quando estamos a um passo para mudar é impressionante, principalmente, quando temos noção da necessidade desta mudança, mas ainda não nos colocamos convencidos de que ela é realmente imprescindível.

Então, a vida nos coloca frente à frente com situações que nos escandalizam, para que encontremos o momento que pararemos o nosso caminhar por alguns segundos e refletiremos o que estamos fazendo conosco!

O que chamo de escandalizar é aquela situação que nos coloca frente a nós mesmos. Um exemplo bom é quando nos vemos em uma foto de um amigo e percebemos o quanto estamos diferentes de como nos enxergamos! Meu Deus! É uma surpresa tão deprimente!

Aqueles que jamais passaram por isso, podem perguntar: mas, como isso pode surpreendê-la (o) se você se olha todos os dias no espelho? E a resposta é mais simples ainda: será que verdadeiramente estamos nos “olhando”?

Passamos a vida inteira vivendo uma vida que pode não ser a nossa! Passamos a vida inteira vivendo uma vida que não é o reflexo de nosso ser, porque não o aceitamos! Quantas e quantas vezes não somos gratos pelas circunstâncias da vida que nos ensinam, não somos gratos pelas conquistas tão suadas que temos, pura e simplesmente, porque não valorizamos o nosso próprio esforço?

Diante destas reações, eu me pergunto: quando foi que nos deixamos sós nesta caminhada evolutiva?!

Dramática? Não! Realista.

Visualizem a imagem: muitos de nós há muito nos abandonamos sozinhos no Caminhar da Vida. Mas, por não podermos nos afastar de nós mesmos, apenas, nos seguimos (atrás, bem atrás de nós mesmos), sem percebermos as circunstâncias que nos chegam, por mais importantes que elas sejam. Para tanto, nos refugiamos atrás de ações repetitivas, mas prazerosas, que nos ocupam a atenção e nos impedem de termos de enfrentar o que nos exige mudanças incômodas.

Posso dar como exemplos (mas que não se resumem em si mesmos): comermos ou comprarmos sem parar para suprimirmos um vazio interior; bebermos até cair para não enfrentarmos dores morais que teimam em surgir em nossos corações...

Estou usando esses exemplos, mas posso usar muitos outros: fumar, drogar-se, refugiar-se em relacionamentos tóxicos, preocupar-se em demasia com os problemas alheios... tudo isso para não termos de enfrentar aquilo que está nos incomodando em nosso mundo interior; para não pararmos para pensar qual o sentimento ou emoção que está nos levando a nos escondermos atrás dessas ações, que só nos trazem satisfações momentâneas, mas que, ao fazê-las, nos deixam marcas profundas em nosso ser.

Precisamos nos perdoar pelos equívocos cometidos ante as curvas do caminho. Precisamos nos perdoar pelos erros nas escolhas anteriores que nos fizeram sofrer. Em algum momento, nos culpamos, nos condenamos, cumprimos a pena, mas esquecemos de nos perdoar. Por isso, nos distanciamos de nós mesmos e fingimos não termos problemas.

Todos nós fazemos parte de uma Maratona. Todos nós somos caminhantes e ocupamos um pequeno espaço neste caminho redentor. Precisamos entender, então, que não fugiremos dos percalços dessa trajetória e que, para muitos pavimentos ou inclinações ou obstáculos deste caminho, teremos de mudar de estratégias para continuarmos seguindo em frente.

Temos o direito de temer o novo percurso a ser transcorrido, mas não deixemos que ele (medo) nos impeça de sermos felizes a cada conquista, a cada aprendizado, a cada superação...

Nossa vida é cheia de novas possíveis mudanças! Que possamos enxergá-las com os olhos daqueles que acreditam que Deus está conosco e que já recebemos, há mais de dois mil anos, as instruções para esse caminhar. É só buscarmos em nós a melhor ação e reação a cada nova curva do caminho.

Não estamos sós: temos Deus, temos Jesus, temos os Seus mensageiros (encarnados e desencarnados) que conosco seguem nesse caminho. Só falta “Eu”. Convidemo-nos, então, e aguardemos o nosso Eu que, antes, com medo e culpa, resolveu ficar alguns passos atrás, mas, com o nosso perdão, trilhará plenamente conosco o nosso caminho.


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