Quem somos? O que queremos para a
nossa vida?
Se não tivermos qualquer resposta
para essas perguntas, possivelmente, não conseguimos, ainda, “assumir” as
verdades que portamos! Vejam que assumir é diferente de viver as
verdades que possuímos. Posso viver segundo as minhas verdades, numa
atitude inconsciente, mas, normalmente, tais ações não preencherão os vazios e
não curarão as mazelas que possuo na alma.
Por que isso acontece? Porque, conscientemente: não sei ainda “para
onde o vento toca”; não entendo as razões de eu estar vivendo a vida da forma
que vivo e quais são as minhas verdadeiras metas; não consigo ainda enxergar o
valor de cada uma de minhas vitórias...
Enquanto não compreendermos o que
nos move, viveremos uma vida sem perspectiva e, muitas vezes, nos utilizaremos
de subterfúgios externos para nos fazer felizes. Então, na verdade, quando nos
dedicamos exacerbadamente ao trabalho, ou às compras, ou nos alimentamos além
do que precisamos, ou nos perdemos na bebida e nas drogas, ou nada comemos para
não engordarmos, existe em nós um vazio que não conseguimos preencher ou mesmo
identificá-lo. A nossa vida está sem sentido e buscamos no externo, respostas
imediatas para a nossa satisfação!
Vocês podem estar pensando que quem
passa por esses distúrbios não confia em Deus! Isso também pode acontecer, mas,
não é somente nesses casos que o vazio se faz! Conheço muitas pessoas
extremamente devotas que estão na luta para a conquista de seu crescimento, que
acreditam em Deus e até na incidência de sua Sabedoria sobre as suas vidas, mas
ainda não se encontraram.
Então, o que está faltando para
eles? É a certeza de suas próprias construções. O que lhes falta é estarem consigo
e se valorizarem por isso.
Como falamos no início, assumirmos
as verdades que portamos é algo bem diferente de vivermos nas verdades
que temos. Se somos caminhantes, precisamos entender que a vida não é só
percorrer o caminho, é senti-lo. Temos que enxergar o nosso Ser e como ele
vivencia cada circunstância, cada alegria, cada adversidade.
Quantas vezes, deixamos de perceber
os sentimentos que surgem em nós em um momento de dor? Quantas vezes, enxergamos
o que gerou, naquela circunstância, tais sentimentos? Onde dói mais? Qual o
ponto que nos levou a ter essa ou aquela reação?
Faço uma proposta para vocês:
Por favor, pensem agora em algumas atitudes recorrentes, boas ou não tão boas,
que vocês têm diariamente? Pensaram? Agora, num rompante, conseguem me dizer o
que, em vocês, acionou essas atitudes? Esclareço que não estou aqui querendo
respostas do tipo: “Ah, o meu colega de trabalho é muito descansado e isso me traz
indignação. Dá vontade de enforcá-lo todo dia”. Aprofundem mais um pouquinho a
sua análise. Pensaram?
Assumir a vida não é
colocarmos no outro a fonte de nossos sentimentos, mas sim, entendermos o que
temos em nós que nos faz reagir a ação do outro. Então, o que eu quero saber é:
se você fica indignado, o que é que existe em você para não aceitar essa
atitude? Alguns poderão responder, depois de uma análise íntima mais intensa,
por exemplo: “eu não aceito ser explorado”, “eu não aceito o desrespeito
daquele que deveria me ajudar”...
Quantas vezes, estamos em um
engarrafamento e alguns “espertos” nos ultrapassam pelo acostamento “zombando”
de todos que estão aguardando (não tão) pacientemente a liberação da pista?
Nos dois casos acima, a gente
acha um absurdo a atitude alheia. Nossa indignação vai às alturas... Acreditamos
que não queremos que nos façam de bobos!...
Essas respostas estão corretas,
mas, infelizmente, a fonte primária dos sentimentos descritos ainda não foi
encontrada! A grande revelação é que ainda não estamos sendo muito honestos
conosco quanto às verdades que nos direcionam, ou seja, estamos vivendo, mas
não assumindo tais verdades.
Por debaixo de todas as respostas
dadas, existe uma que é “nua e crua”: nós queríamos fazer igual a eles (colega
de trabalho ou espertinho do trânsito). O que nos difere, hoje, é que algo
dentro de nós afirma que isso não é certo! Já conquistamos o raciocínio de que isso
é errado, mas ainda não consolidamos esse entendimento em nosso Ser.
Sim, meus amigos, nós só nos
incomodamos muito com aquilo que
ainda não está bem trabalhado em nós. As nossas verdades estão sendo depuradas
e isso leva tempo. Por isso, eu não jogo o meu carro para o acostamento e saio
daquela imensa fila, porque eu aprendi que não desejo sujeitar os outros a um
desconforto que eu sinto a cada vez que alguém faz isso comigo. Infelizmente, porém,
sei que posso me deixar fazer isso se encontrar uma justificava, para mim,
plausível.
Quando eu compreender na
essência que é errado, o desconforto sentido pela atitude alheia não será
tão intenso e desgastante, mas sim, será como um compreensivo “flagrar do erro
alheio”.
Quando confessamos para nós aquilo
que gera o nosso conflito interior, nos sentimos mais libertos de nossas
amarras e nos vemos capazes de nos trabalhar para que conquistemos a verdadeira
liberdade.
Qual a vantagem disso?
Conseguiremos assumir as nossas verdades e, diante delas, seremos mais
verdadeiros e serenos a cada ação nossa. Seremos mais piedosos conosco, porque
quando tivermos, em cada circunstância, de nos encarar como o juiz no tribunal
de nossa consciência (nos dois planos da vida), saberemos exatamente o que nos
move e o nosso esforço em nos depurarmos...
A sentença, por certo, vinda de
um juiz consciente, será sempre mais justa para aqueles que assumem as suas
verdades!
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário que responderei assim que puder.
Abraços fraternos.