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Quantas vezes nos damos a
oportunidade de escutar o que se passa em nosso coração e percebemos quais são as
nossas reais necessidades?
Acredito que ficamos dias,
semanas e até mesmo anos sem nos enxergarmos!
Sei que poderão estar
horrorizados com a minha afirmativa, mas, ela é verdadeira. Nos dias atuais,
não estamos nos dando muita chance de pedir socorro para aquele ser que é o
único que poderá realmente fazer mudanças em nossa vida: nós mesmos!
Começamos o dia acordando
exaustos, tomando um café da manhã corrido (quando tomamos!), para sairmos rapidamente
para o trabalho que exigirá de nós toda a nossa atenção pelas próximas doze
horas. Mesmo quando paramos para almoçar, fixamos a nossa mente para solucionarmos
pendências do trabalho ou de algum problema do cotidiano.
Após o horário do expediente,
quando podemos voltar para o nosso lar, já nos ocupamos mentalmente, pelo
caminho, com as tarefas domésticas a serem realizadas ou com as outras tantas atividades
pessoais ou sociais que abraçamos em nossa vida. Quando nos permitimos deitar,
adormecemos exaustos para acordarmos, dali a poucas horas, para mais outro dia
de trabalho.
Diante desta rotina diária, aqui vai
uma pergunta importante: quando nos daremos um tempo para enxergarmos o que vai
dentro de nós?
Ainda: será que são esses motivos
ou atribuições diárias que abraçamos que nos levam para longe de nós ou será
que os utilizamos como desculpas para não termos de nos aprofundar nos abismos
do nosso próprio ser?
Parece-me que são as duas coisas!
Não queremos parar para pensar sobre nós mesmos! Tudo é motivo para fugirmos de
nossa realidade íntima: seja de cunho doméstico ou profissional, seja de cunho
social, seja impulsionado por amor (a um filho, marido, pais, etc), ou seja por
qual motivo for, tudo nos leva para longe de nós mesmos! E, não se iludam porque
se estamos agindo assim, estamos nos utilizando desses subterfúgios para não nos
interiorizarmos.
Mas, o que tememos encontrar nesta
análise íntima?
Diante dessa incógnita, me
surpreendi pensando em quando eu era criança. Me lembro que, quando eu pensava
que monstros ferozes estavam embaixo de minha cama, eu só tinha uma solução: me cobria por
inteiro para me proteger de todos eles! (tenho certeza que eu não era a única
a fazer isso! rsrsrs)
Essa crença era tão real para mim
que, depois que eu me cobria toda e ficava quietinha (assim, os monstros não
saberiam que eu estava ali), eu conseguia
dormir. Era como eu sabia agir!!
Mas, agora que aprendi algumas
outras coisas, eu posso questionar a capacidade do meu cobertor de me
proteger! Só entendi que ele e nada são a mesma coisa quando eu adquiri outras
ferramentas de conhecimento que me fizeram não mais temer aqueles monstros! Por
um tempo precioso, o cobertor era a minha eficiente “boia de salvação”. E sabem quando isso aconteceu? Quando tomei um
pouco mais de consciência de quem sou, ou seja, quando eu cresci um pouquinho
mais.
Agora, parem para pensar se não agimos
assim no tocante aos nossos temores internos. Com o tempo, vamos percebendo que
muitos dos monstros que tememos advém
de nossos medos interiores, de nossa visão deturpada sobre a nossa capacidade
de enfrentarmos situações desgastantes. Além do mais, como acreditamos que não
sabemos lidar com elas nos “cobrimos” e fingimos que não estamos ali para não
sermos achados. É o nosso instrumento de defesa, é como sabemos agir!
O certo é que, se em algum
momento do nosso passado não conseguimos lidar com alguma circunstância, não
significa que agora não saberemos como fazê-lo, porque já não somos os mesmos e muitas outras ferramentas de
conduta já teremos conquistado.
Por não olharmos para dentro de
nós, pensando que enxergaremos algo que nos desagrada, não percebemos as ferramentas que vamos conquistando ao longo de
nossas experiências, nos tornando mais capazes de lidar com as adversidades da
vida e com os nossos mais íntimos temores. Perdemos, portanto, a noção exata de
nosso crescimento individual.
Por imaturidade, continuamos com
medo de enfrentar as nossas dores, porque nos vemos ainda como aquela criança
que se tampa com o cobertor ante a “sombra” que a atemoriza.
Precisamos acreditar em nós!
Precisamos perceber o quanto já crescemos desde o tempo do cobertor mágico! Mas,
também, precisamos entender que, se não estamos nos possibilitando escutar os
nossos pedidos internos de mudanças, utilizarmo-nos
das justificativas que abordamos acima (e muitas outras), não é nada mais do que acreditarmos que elas sejam
o nosso cobertor super poderoso e que,
enquanto não crescermos (não atingindo a maturidade necessária para termos
olhos de nos ver e ouvidos de nos ouvir), precisaremos delas (justificativas)
para podermos “dormir” tranquilos.
Será que eu me conheço? Talvez
não muito!
Perfeito Adriana, eu imagino que pior do que nos conhecermos pouco e achar que nos conhcemos ....
ResponderExcluirOi Clara! Eu, às vezes, me pergunto isso também e me flagro com uma resposta rasgada dizendo: "Não se iluda!" (Rsrsrsr). Como diz uma amiga minha: "E vamos que vamos..." em busca de nos conhecermos melhor. Abraços.
ResponderExcluirAdriana, no caso, o pedido de mudança pode estar relacionado a um pedido de socorro ?
ResponderExcluirOlá, Cristina! Apesar de não acreditarmos, somos seres inteligentes hihihi. Nossa essência sabe, enxerga e sente as nossas necessidades muito mais profundamente do que o nosso ser consciente. Então, ela eleva à superfície vários pedidos de socorro em prol de nossa mudança íntima para que adaptemos as nossas ferramentas para suportarmos e compreendermos as lições que nos ajudarão a evoluir. Que tenhamos olhos de ver as nossas ações e ouvidos de ouvir as nossas próprias súplicas e orientações. Abraços fraternos.
ResponderExcluirSempre achamos que nos conhecemos bem, mais se pararmos pra refletir e pensar um pouco, nos conhecemos bem menos do que imaginamos.
ResponderExcluirÀs vezes, penso que nos conhecemos, mas podemos criar ilusões para não enfrentarmos quem estamos neste momento. Então, por um tempinho, achamos que já alcançamos um bom entendimento sobre algo e, de repente, nos vemos caindo nas intempéries da vida. Obrigada pelo seu comentário. Muito enriquecedor.
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