Ontem, participei de uma palestra que me fez pensar sobre o que são as nossas crenças e de onde elas surgem.
Primeiramente, vamos entender o
que chamo de crenças: são verdades
enraizadas em nós, experiência após experiência, que foram criadas por nós para
nos proteger de algo que tememos.
Não parece simples, mas é, porque
fazemos isso com muita naturalidade. Se não desejamos passar por alguma
experiência que nos traumatizou profundamente, construiremos uma postura de
vida na qual nos sentiremos seguros e inatingíveis. Se ela se mostrar ineficaz
com o passar do tempo, a aprimoraremos ou a substituiremos o mais rápido que
conseguirmos.
Bem, diante dessa explicação, fica
agora entendermos o que seria essa postura. Para tanto, utilizar-me-ei de
um exemplo: se eu não gosto de ser criticada, então, farei tudo na minha vida
de forma perfeita, assim, não sofrerei com elas.
Acho que muitos, nos dias de
hoje, podem se sentir enquadrados nesse exemplo simples. Então, aproveito para
dizer que se vocês estão agindo assim é porque se amam muito. E isso é muito
bom! Fazemos isso para não sofrermos. Mas, como estamos ainda em crescimento,
aprendendo a fazer o certo, testando parâmetros para nos melhor adaptarmos aos
nossos mundos externo e interno, não percebemos imediatamente que essa escolha
nos leva a um sofrimento muito maior e mais intenso, porque deixamos de escutar
as críticas de terceiros, mas vivemos, ininterruptamente, escutando e sentindo
o peso de nossas próprias críticas internas. E pior, dando razão a elas!
Tudo o que fazemos estará sendo
analisado com rigor e quem sabe até com crueldade por aquele que não deseja,
para não se sentir infeliz, receber de terceiros qualquer tipo de crítica. O ponto
crucial é que esse crítico mordaz faz plantão, não tira férias e levará ao
nosso coração uma infelicidade muito maior e mais frustrante do que qualquer
outro que entre em nossa vida! Para não sofrermos, adotamos uma postura que nos
escraviza a um algoz muito mais dominante. De início, não perceberemos esse
efeito infeliz no nosso mundo interno, somente enxergando do mundo externo,
admiração e satisfação e isso nos alegrará e nos fará acreditar que a postura
adotada é a mais acertada.
Como a vida é sabia, com o passar
do tempo, nos veremos frente a pessoas que servirão de instrumento para nos
mostrar que estamos errados. Essas pessoas testarão, através de suas ações, as
nossas crenças; elas serão parecidas
conosco, serão os nossos espelhos! Infelizmente, temos de admitir que somente
adotamos essa postura (de não errarmos jamais), porque em nosso íntimo não
aceitávamos o erro alheio, não aceitávamos uma falha do outro, não aceitávamos
as nossas próprias falhas. Verdadeiramente, não aceitávamos a nossa
imperfeição.
Como em sã consciência, adotamos
uma postura de somente podermos realizar ações perfeitas se não atingimos ainda
essa capacidade? Somos criaturas perfeitas por termos sido criados por Deus, mas as nossas obras
ainda estão condicionadas ao nosso crescimento, ao que aprendemos e ainda
teremos de aperfeiçoar. Lutar contra isso é doloroso, cruel e sem sentido para
conosco.
Tememos a influência do próximo e
esquecemos que as nossas ações contra nós mesmos podem ser mais danosas e
sofridas ao nosso ser.
Eu dizia acima que as nossas
crenças são construídas por nós para nos protegermos, mas protegermos o que em
nós? Quem ou o que nos impulsiona a este ato suicida? O nosso orgulho, sem
sombra de dúvidas. Já ouvimos inúmeras vezes que o orgulho é um mal
conselheiro. Esta é uma verdade parcial. Ele pode nos dar boas dicas para o
nosso crescimento se não estiver exacerbado, alimentado em exagero, fora do
controle.
Certo é que sentir orgulho não é
errado, mas acreditarmos que é ele quem manda em nossos atos e verdades, isso
sim é equivocado, porque se adotarmos essa postura de tê-lo como nosso mestre e
senhor, ele nos levará a vales de ilusões e ribanceiras de sofrimento.
Nossas crenças são importantes
para nós, não duvidemos disso, mas que enxerguemos a sua verdadeira origem para
não construirmos posturas que nos levarão a um sofrimento muito maior construído,
infelizmente, pelas mesmas crenças que serviriam para nos proteger.
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