Saudade e Culpa



Compreendamos, para a nossa própria felicidade, que não há problemas em sentir Saudade.

A saudade é uma emoção que nos toma quando amamos alguém que não pode estar mais do nosso lado; quando ela se ausenta e ainda desejamos muito poder compartilhar dos momentos maravilhosos que tínhamos...

A saudade é o nosso coração clamando por mais momentos de felicidade com aquela pessoa que soube, de alguma forma, construir nele um castelo de um intenso e maravilhoso sentimento que nos une: o amor.

Mas, nem sempre podemos ter tudo o que queremos e a presença desse alguém é uma dessas coisas. Nem sempre poderemos ter, todo o tempo ao nosso lado, todas as pessoas que nos são caras.

Se acreditamos na Bondade Divina deveríamos entender que essa separação tem uma finalidade, tem um motivo que, se aprendermos rápido, sofreremos menos por compreendê-lo em sua essência, por sabermos que a ausência do outro não é um ato punitivo de Deus em nossa vida, mas tão somente um momento de grande aprendizado.

Vários são os motivos que podem nos separar de alguém que amamos: viagens, trabalho, desentendimentos, desencarne... e, talvez, de todas as separações, este último seja o mais doloroso, porque temos a impressão que não haverá volta. E, se não há volta, estamos perdendo alguma coisa!
Por isso, sofremos. Sofremos porque para o nosso Ser perder algo é difícil e, se este algo é precioso, mais dolorida fica a circunstância.

Mas, o que é perder? Eu só perco algo que é meu!... Então, o que me pertence?

Mesmo quando estamos nos referindo a filhos, pais, irmãos, amigos... não poderíamos ter essa concepção de propriedade, porque nenhum deles nos pertence! Nós só os “temos” enquanto eles entenderem que desejam estar conosco ou enquanto algo mais poderoso que a gente não nos separar momentaneamente.

Nem os bens materiais que hoje usufruímos é nosso! Porque, a qualquer momento, eles se deterioram, podem ser furtados, podem ser destruídos...

Somente os bens emocionais, morais e intelectuais nos pertencem e, com eles, podemos fazer o que quisermos. Somente as nossas experiências não são perdidas e farão parte de nós e conosco continuarão pela eternidade.

A saudade vem para nos mostrar o quanto cada uma dessas pessoas foi importante para nós e esse sentimento nos oportuniza uma análise do quanto nós nos apercebemos disso e o quanto aproveitamos a presença do outro enquanto estávamos juntos. Com esta separação, aprendemos mais uma lição: que podemos agir diferente com aqueles que ainda estão conosco.

Quando nos parece que não fizemos tudo o que podíamos, entretanto, temos a impressão que pendências ficaram entre nós e que não poderemos repará-las. A partir daí, não estará somente a saudade remoendo os nossos pensamentos e coração, mas também a culpa! Infelizmente, se permitirmos, somada à saudade vem esse sentimento profundo e dolorido que nos retira a paz ininterruptamente.

A culpa nos escraviza. Ela nos liga de maneira deturpada àquele que se foi, nos remetendo a infernos astrais por não compreendermos que, se erramos, se nos equivocamos com aquele ser amado, poderemos, posteriormente, reparar os nossos erros, porque os laços de amor firmados entre nós jamais serão quebrados. Nos reencontraremos e teremos a oportunidade do abraço reconciliatório que tanto almejamos.

Chegará um momento em que, em razão de nossas vivências, as verdades divinas estarão em nós profundamente e, assim, quando sentirmos a saudade, ela será a bandeira de um amor conquistado que ficou e que, no momento certo, será revivido plenamente.

Assim, a saudade é uma emoção que está em nós por conta de nossa construção de amor e continuará em nós porque não deixaremos, nunca mais, esse amor ir embora.

A culpa, no entanto, é a nossa imaturidade de não nos compreendermos ainda pequenos e em crescimento e que, por consequência, temos ainda muito a aprender. Quando percebermos isso, a culpa não estará mais em nossos corações, porque entenderemos que estamos crescendo e que, diante do amor, não há porque nos agredirmos com o sofrimento.


Saudade e culpa?... Com a nossa maturidade, ambos serão melhor compreendidos e remodelados em nossas emoções.

2 comentários :

  1. Mônica Duarte Guarilha28 de abril de 2016 às 17:04

    Maravilhoso !! Saudade me faz querer ser mais amorosa com.as pessoas !!!��

    ResponderExcluir
  2. É verdade, Mônica Duarte! Como é bom conseguirmos retirar das nossas dores um bálsamo de aprendizado e amor! Abraços fraternos.

    ResponderExcluir

Deixe aqui o seu comentário que responderei assim que puder.
Abraços fraternos.

My Instagram

Copyright © Adriana Machado - Escritora. Made with by OddThemes