Engraçado como
a gente não tem noção da quantidade de medos que alimentamos todos os dias. E
afirmo isso com tranquilidade, porque me vejo nesta batalha diária como
qualquer outra pessoa. O engraçado também é como temos medo de enfrentarmos o
que nos incomoda.
Por que será
que reagimos assim? Porque, para isso, teríamos que fazer mudanças.
O interessante
é que nem percebemos isso! Não percebemos que estamos colocando mil obstáculos
para não mudarmos o curso de nossas ações, para não mexermos nesses medos
interiores.
Mas, o que chamo
de medo interior? Bem, são verdades que construímos para nos proteger do
sofrimento que, em algum momento, já sentimos com intensidade e não queremos
sentir de novo. Então, construímos “algo” que nos alerta para não agirmos mais daquela
forma. Por isso, podemos dizer que esse medo é intenso, porque ele foi
construído por nós e está ali para nos proteger.
Então, por que
queremos mudá-lo? Por que queremos abandoná-lo se ele nos protege?
A resposta é
simples: é porque esse medo (essa verdade) deixou de ser útil e, agora, ele
está mais nos atrapalhando do que ajudando. Num exemplo simples, mas não
generalizado: pense em alguém que construiu o seu medo de se relacionar com o
outro, porque se desiludiu profundamente em alguns dos seus relacionamentos.
Para não sofrer de novo, entendeu que não deveria mais abrir o seu coração para
ninguém. O medo interior foi fixado e será alimentado vida após vida,
experiência após experiência, até que o ciclo mude.
E quando o
ciclo mudará? Quando essa pessoa perceber, por exemplo, que o sofrimento de
estar só é maior do que o que sente quando um relacionamento não dá certo. Então,
essa verdade nova suplantará o seu medo interior (verdade antiga) e essa pessoa
se libertará de algo que construiu para se proteger, mas que, ao final, a
estava escravizando.
Mas, esse
esclarecimento não acontece imediatamente. Como um náufrago que está em
segurança em um bote inflável e isso é satisfatório para ele, para que ele
abandone esse bote, algo terá que acontecer, como por exemplo, o bote furar e
estar afundando. É claro que o náufrago não o abandonará, rapidamente, com medo
do imenso oceano. Ele tentará consertá-lo.
Nós também não
queremos abandonar o nosso instrumento de defesa (medo interior) que já está nos
servindo de alicerce por tanto tempo. Nós tentaremos adaptá-lo às novas
circunstâncias até que não haja mais como mantê-lo.
Normalmente, começaremos
a raciocinar como poderemos nos servir daquele “bote furado” (medo interior
antigo)! Tentaremos remendar o furo, utilizando todos os instrumentos que temos
para não afundar. Vamos imaginar que consigamos o nosso intento: ele boia, mas,
em razão da nossa falta de experiência com as verdades novas e do material
inadequado vindo das verdades antigas, o remendo não estará perfeito,
permitindo que o utilizemos por um tempo ainda, mas, não por toda a vida.
Afinal de
contas, como esse furo apareceu? Ele foi construído por nós mesmos quando nos
deparamos com as verdades novas que, por lógica, nos fazem duvidar da “embarcação”
que nos protege e, por não mais acreditarmos em sua segurança, não conseguimos mantê-la
íntegra a contento. Certo é que, apesar de duvidarmos, não sabemos como
utilizar os instrumentos novos, por isso, ainda nos agarramos àquela nossa “tábua
de salvação” (medo interior) conhecida.
Todo esse
processo de mudança se dá porque, intimamente, um novo processo de entendimento
se iniciou. Com certeza, vivenciamos experiências que nos deram o que pensar e,
por consequência, nos possibilitaram nos questionarmos, intimamente, os meios
de defesa (medos interiores) que portamos!
É assim que vamos
substituindo ou vencendo os nossos medos interiores. É importante ressaltar que
eles são aquilo que acreditamos ser um valoroso aprendizado para não mais
sofrermos desilusões, não mais nos sentirmos abandonados, mal-amados... A
questão é que eles também, em algum momento, nos trarão desconforto e dor.
Na prática,
quantas vezes utilizamo-nos do sofrimento para aprendermos lições valorosas?
Pensamos que, sem sofrer, não tomaremos consciência de nossos erros! No
entanto, as verdades divinas nos esclarecem que não necessitamos dele
(sofrimento) para aprendermos tais lições. Podemos, com tranquilidade, analisar
as situações dolorosas e nos conscientizamos que temos de fazer mudanças.
Assim, ante a nossa evolução, passamos do remorso ao arrependimento; do
sofrimento ao entendimento, abandonando, por fim, esses medos interiores.
Compreendamos,
então, que, quanto mais aprendermos, quanto mais abrirmos os nossos olhos e
ouvidos para os entendimentos divinos, menos necessitaremos criar nossos medos
interiores, pois com o entendimento, ultrapassaremos a necessidade de nos
agarrarmos a essas “tábuas de salvação” que, quando “furam”, também nos fazem
sofrer.
Se os medos
interiores ainda nos são necessários que os utilizemos. Mas, nos esforcemos
para adquirirmos o esclarecimento com segurança, para não termos de nos
submeter à sua substituição dolorosa quando tais medos antigos não nos forem
mais úteis.
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário que responderei assim que puder.
Abraços fraternos.