Engraçado que a primeira reação
que temos ao responder essa pergunta é dizer “Não, claro que não!”
Mas, percebo nas inúmeras
palestras que participo que essa não é a resposta que vivemos em nossa
essência.
Muitos de nós vivemos a nossa
vida sem perceber que damos valor demais a opinião alheia. Somos mesmo muito
influenciados por ela, chegando ao ponto de não nos darmos oportunidade para
agir diferente, mesmo quando aquilo que queremos realizar, e não é aprovado por
alguém, nos fará muito felizes.
Entendam que não estou falando
aqui dos conceitos sociais, do que seria certo ante a sociedade que vivemos. Estou falando sobre conceitos individuais que servirão de base para toda a
nossa vida.
Trago para vocês um exemplo vivenciado por mim: eu tenho uma tia, que amo como a uma mãe, que está com Alzheimer. Ela tem oitenta anos e vivia sozinha até agora. Sempre foi independente, nunca precisou dar satisfações de sua vida a ninguém até uns cinco anos atrás. Como somos muito próximas, comecei a perceber que ela estava com dificuldades de pagar as contas. O que nunca tinha acontecido em sua vida, começou a se fazer rotineiro, porque várias cobranças começaram a surgir por falta de pagamento. Ela não percebia o que estava acontecendo e eu só tomei conhecimento dessa situação porque uma das cobranças caiu em minhas mãos, graças a Deus! Por incrível que pareça, ela não demonstrava através de sua conduta ou de sua conversação que estava com problemas, só com um esquecimento leve de algumas coisas. Mostrando-lhe a cobrança, ela me afirmou que iria pagar, mas não fez. Alguns meses depois, tive conhecimento do débito ainda pendente e acumulativo, o que me levou a questioná-la sobre o devido pagamento. Ela me afirmou já tê-lo pago. Pedi os comprovantes que ela não tinha, claro. Percebi que ela precisava de ajuda e fiz o que pude. A minha mãe também se envolveu e nesses anos estávamos tentando ajudá-la, mas percebendo que não poderíamos suprir o que o Alzheimer provoca. Percebemos que ela precisava de mais auxílio do que estávamos dando. Nestes últimos dois anos, foram dolorosos para mim e para a minha mãe que precisávamos retirar dela a autonomia que ela sempre teve e prezou. Sentíamos como se a estivéssemos maltratando de alguma forma, mas não podíamos fazer diferente. Tentamos colocar alguém com ela e ela não aceitou. Tentamos levá-la para casa de uma irmã e ela não foi. Ela não sairia de sua casa. Até que chegamos num ponto que não havia mais condições dela ficar só. Ante a sua condição debilitante, ela poderia fazer algo que poderia machucá-la muito.
Meu Deus! Neste momento, eu
percebi como era difícil tomar a decisão que os médicos estavam orientando a
tanto tempo: precisávamos colocá-la em uma Casa de Repouso. Não foi fácil! Mas,
como sempre gosto de fazer, queria saber o que se passava dentro de mim, o
porquê estava sendo tão difícil fazer isso se seria, segundo os médicos, a
melhor opção para ela. Descobri que eu tinha muito medo de duas coisas: uma, de
decepcioná-la; duas, o que os outros iriam pensar.
Resumindo: em ambas as situações,
era a opinião alheia sobre o meu comportamento que estava pesando a minha ação!
É muito engraçado como agimos na
vida. Eu somente percebi que a opinião alheia estava me influenciando quando eu
parei para me olhar, quando eu resolvi descobrir o que estava me impedindo de
fazer o que era certo. Claro que eu sabia que “eu precisava fazer o que era
certo”, mas a opinião dela, a opinião da família estava pesando, e muito, no
contexto da decisão que teria que ser tomada.
Se nós não nos apercebermos que
agimos somente para atender aos clamores alheios, poderemos deixar de viver e
tomar decisões que são de extrema importância para nós (ou até mesmo para
aqueles que amamos).
O que precisamos compreender é
que, quando a opinião do outro é importante para nós e a atendemos, sentiremos felicidade. É por isso que nos
baseamos nela. Sentiremos a satisfação de estar atendendo a uma de nossas
crenças, à uma verdade que trazemos conosco!
Está aí a essência de nosso
impulsionamento. Se temos em nós a crença de que, para sermos felizes, teremos
de ter a aprovação do outro, agiremos conforme essa crença até que entendamos
que isso é quase impossível de se concretizar, porque se atendemos a um, não
significa que atenderemos a todos! Não somos perfeitos e, por consequência, não
conseguiremos agradar a todo mundo. Nem Jesus conseguiu!! Estaremos
construindo, portanto, um mar de infelicidade para nós, porque essa crença se
voltará contra nós.
Devemos viver em harmonia com o
nosso coletivo e podemos sim ter a opinião alheia como parâmetro, porque se não
somos perfeitos podemos estar errados, mas vincular a nossa felicidade ao outro
é nos jogarmos na arrebentação e deixarmos as ondas nos afogar.
Precisamos entender que temos a
capacidade de fazer escolhas certas e inteligentes e, se não acertamos da
primeira vez, teremos condições de tentar novamente quantas vezes forem
necessárias para o nosso crescimento.
Pensemos bem nisso!
PS.: Para aqueles que estão
curiosos, minha tia está muito bem na Casa de Repouso que escolhemos. Muito bem
mesmo. Ela está mais saudável, mais feliz e estamos sempre com ela, dando-lhe o
amor e o carinho que não somente ela, mas todos nós precisamos para passar por
este momento de grandes transformações e aprendizados.
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